O Nubank registrou saída de clientes depois da crise financeira da Lojas Americanas afetar os investimentos do Nu Reserva Imediata. Depois do anúncio de que os clientes que investem em renda fixa do Nubank estariam tendo prejuízo, mais de R$ 800 milhões foram sacados do fundo de investimento. Isso significa que cerca de 178,4 mil investidores deixaram de investir seu dinheiro na fintech.
Essa decisão foi tomada depois de os cotistas se depararem com uma rentabilidade negativa de 75% em apenas um dia. A negativa foi reflexo da compra de títulos de dívida da Americanas na carteira de investimento do Nubank. Como esses títulos eram vendidos como uma opção segura de “reserva de emergência”, boa parte dos investidores se assustaram ao ver a perda de dinheiro tão rapidamente.
Mas vale informar que mesmo sob a debandada de mais de 178 mil investidores, o Nu Reserva Imediata continua sendo o maior fundo de investimentos de renda fixa do país. Atualmente, ele está contando com cerca de 1,1 milhão de investidores de todo o território brasileiro.
O Número de resgate foi superior ao número de investimento
O fundo de investimento do Nubank teve cerca de R$ 793,6 milhões resgatados, contra R$ 265,1 milhões investidos entre os dias 16 e 19 de janeiro, quando a Americanas deu entrada no pedido de recuperação judicial. Esses dados foram liberados pela própria fintech, que viu seu patrimônio líquido cair de R$ 2,5 bilhões para um pouco mais de R$ 2 bilhões no mesmo período. Esse resultado é reflexo imediato dos resgates e perdas causados pela Lojas Americanas.
Segundo a Nu Asset Management, gestora de fundos do Nubank, o Nu Reserva Imediata se encontra em posição de solidez financeira, com percentual relevante em ativos de altíssima liquidez para absorver impactos como o de evento específico que afetou centenas de fundos de investimentos na semana passada.
A empresa também divulgou uma nota na qual garante que o fundo de investimento já mostra recuperação. Dessa forma, foi registrado novos valores, dessa vez positivos, em relação às cotas do dia 23 de janeiro. Ainda assim, pouco tempo depois dessa nota, o Nubank informou que o texto possuía um “panorama enviesado”, ou seja, focado apenas em um fundo e ignorando estudos mais completos disponíveis pelo mercado. Esses estudos indicavam o resgate de R$ 7,5 bilhões em diversos fundos de investimento de um conjunto de gestoras.
Situação da Americanas
A varejista está em crise financeira após declarar um rombo de R$ 20 bilhões. Entretanto, foi descoberto na semana passada que a dívida interna da Americanas é de mais de R$ 40 bilhões, ultrapassando o dobro do que era esperado. Ao que tudo indica, a empresa está devendo para bancos, empresas e até mesmo pessoas físicas. Desse modo, a Americanas entrou em processo de recuperação judicial.
A recuperação judicial consiste na tentativa de renegociar as dívidas. A Americanas possui mais de 16 mil credores, o que dificulta esse processo, pois ela precisará entrar em acordo com cada um desses para conseguir descontos e aumentar o prazo de pagamento. Dessa forma, o processo pode acabar levando meses, ou até mesmo anos para ser concluído.
Mas vale destacar que a Americanas não decretou falência, por isso suas lojas seguem funcionando. O órgão de defesa ao consumidor Procon entrou em contato com a empresa para saber se o consumidor estava correndo algum risco ao comprar na loja, mas a empresa afirmou que o cliente “pode comprar sem medo”.
Já o Instituto Brasileiro de Defesa da Concorrência (IDEC) informou que apesar da Americanas está passando pelo processo de recuperação judicial, ela precisa continuar garantindo os direitos dos consumidores, ou seja, ela precisa garantir o cumprimento de prazos de entrega e a troca de produtos em caso de defeito.