YouTube recomenda mais vídeos pró-Lula ou pró-Bolsonaro? Pesquisa revela números

A eleição presidencial de 2022 foi marcada pela polarização entre os eleitores, com o país ficando dividido entre os candidatos Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Na época, era muito comum visualizar vídeos de cunho eleitoreiro, especialmente no YouTube.

A pesquisa realizada pelo Instituto Vero, a Fundação Mozilla e a Universidade de Exeter, na Inglaterra, aponta que a plataforma de vídeos controlada pelo Google sugeriu um número maior de conteúdo bolsonarista.

Análise e grupos

Para realizar o levantamento, as entidades analisaram mais de 30 mil vídeos com viés político veiculados no YouTube entre os dias 10 de outubro e 30 de novembro. Do total analisado, os pesquisadores notaram cinco grupos de canais centrais, que mais se conectavam entre si e que mais recebiam recomendações.

Grupo B

No grupo B, o canal oficial de Bolsonaro e as mídias mais alinhadas ao bolsonarismo, como Jovem Pan News, Sikera Junior e Te Atualizei, foram agrupados. Os vídeos propagados por esse grupo eram recomendados em 37% das vezes pelo YouTube entre todos os canais analisados.

“Mesmo que você estivesse vendo um vídeo pró-Lula, ainda assim, existia uma boa chance de a plataforma te recomendar um vídeo bolsonarista. A cada três recomendações do YouTube [de conteúdo político], um deles iria para vídeos de canais bolsonaristas.”

Chico Camargo, coordenador do projeto e professor de Ciência da Computação na Universidade de Exeter

Grupo A

Já no Grupo A, foram colocados o canal oficial de Lula e as mídias tradicionais com “um certo viés antibolsonarista”, a exemplo do Greg News, Poder 360 e Carta Capital. Os materiais compartilhados pelos integrantes do grupo recebiam aproximadamente 10% das recomendações entre todos os avaliados.

Conclusões do levantamento

A pesquisa destaca que essa diferença aconteceu mesmo com um número de vídeos pró (2.752) e antiBolsonaro (2.911) equilibrado. Dessa forma, segundo os pesquisadores, a maior parte das recomendações de todos os grupos apontam para o Grupo B.

Além disso, outra conclusão do estudo é que, além dos canais que são conectados pelo sistema de recomendações da plataforma, também há a presença de uma segunda rede, que funciona a partir do boca a boca, isto é, quando um canal recomenda no próprio vídeo, o próximo material que o espectador deve assistir.

Beatrice Bonami, head de Ciência e Inovação do Instituto Vero, explica que a segunda rede opera coordenando discursos e narrativas entre diversos atores. Apesar do levantamento observar a prática com mais frequência no lado bolsonarista, os pesquisadores ressaltam que seria necessário fazer pesquisas mais profundas sobre o tema.

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