Reajustes da Petrobras: presidente do Banco Central prevê cenário da inflação

Os reajustes anunciados pela Petrobras nos preços da gasolina e do diesel têm gerado preocupações quanto ao impacto na inflação, conforme destacou o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. Segundo ele, essa medida resultará em uma deterioração das expectativas do mercado financeiro em relação à inflação. O aumento de R$ 0,41 no litro da gasolina e o reajuste de R$ 0,78 no preço do diesel, que entram em vigor nesta quarta-feira, terão efeitos diretos e indiretos na economia.

Campos Neto observou que a alta dos preços dos combustíveis afetará diretamente o IPCA, índice que mede a inflação oficial do país. O impacto do reajuste da gasolina é imediato no IPCA, enquanto o aumento no preço do diesel se manifesta de maneira indireta, propagando-se ao longo da cadeia produtiva.

Em evento promovido pela Frente Parlamentar do Empreendedorismo, o presidente do Banco Central destacou que é provável que haja revisões nas projeções de inflação em decorrência desses reajustes. O IPCA registrou um aumento de 0,12% em julho, superando as taxas observadas no mês anterior e no mesmo período de 2022, de acordo com dados do IBGE. O acumulado do ano aponta para uma inflação oficial de 2,99%, enquanto a taxa de 12 meses revela um aumento de 3,99%.

Campos Neto também abordou as preocupações do mercado

Durante o evento, Campos Neto também abordou as preocupações do mercado em relação aos compromissos do governo Lula para equilibrar as contas públicas. Ele mencionou que parte da desconfiança deriva da necessidade de uma arrecadação substancial para que o governo atinja suas metas.

Isso se relaciona ao novo arcabouço fiscal que pretende zerar o déficit das contas públicas até 2024, substituindo o teto de gastos estabelecido no governo de Michel Temer. Especialistas indicam que esse objetivo demandaria um aumento na arrecadação que ultrapassaria os R$ 100 bilhões no semestre.

No início de agosto, o Comitê de Política Monetária do Banco Central reduziu a taxa básica de juros do país em 0,5 ponto percentual, de 13,75% para 13,25% ao ano. Isso marcou o primeiro corte na taxa Selic desde agosto de 2020. O Banco Central sugeriu que, se o cenário esperado se confirmar, é possível antecipar “reduções de mesma magnitude nas próximas reuniões”. Essa postura visa equilibrar a política monetária em meio aos desafios econômicos atuais.

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